quarta-feira, 10 de outubro de 2012

XIII SEMANA FILOSÓFICA


Pe Benjamim, na Oraçao inicial

Arracaram hoje os trabalhos da XIII Semana Filosófica sob o tema: A IDEIA DE DEUS DESDE SANTO AGOSTINHO AOS TEMPOS MODERNOS”.
Trata-se de um evento do Seminário Filosófico Interdiocesano “Santo Agostinho”, promovido pelos estudantes do 3º ano que na ocasião apresentam as sínteses.
A escolha do tema , para o presente ano teve em consideração o momento eclesial que vivemos, que é a abertura oficial do Ano da Fé por ocasião do 50º aniversário da abertura do Concílio ecuménico Vaticano II e do 20º da publicação do catecismo da Igreja Católica.

Eis de seguida, o discurso de abertura proferido pelo Pe Anselmo Orlando Pinto, Prefeito de Estudos do Seminário e coordenador dos trabalhos da Semana Filosófica:
Pe Anselmo Orlando, no discurso de abertura
A ideia de Deus a partir de Agostinho aos tempos Pós-modernos” - é este o tema da XIIIª Semana Filosófica. A sua escolha foi motivada pelo facto de celebrarmos, a partir de amanhã, 11 de Outubro de 2012, o Ano da Fé, “um evento que exprime a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo”[1].
“A ideia de Deus a partir de Agostinho…” Santo Agostinho é muito conhecido, ao menos de fama, inclusive por aqueles que ignoram o cristianismo ou que não têm familiaridade com o cristianismo, porque deixou um grande tesouro na vida cultural do ocidente e de todo o mundo. Graças à interpretação tipológica do Antigo Testamento, Santo Agostinho compreendeu que todo o Antigo Testamento é um caminho para Jesus Cristo. Deste modo encontrou a chave para compreender a beleza, a profundidade, inclusive filosófica do Antigo Testamento; compreendeu toda a unidade do mistério de Cristo na história, assim como a síntese entre a filosofia, racionalidade e fé no Logos de Cristo, Verbo Eterno, que se faz carne.
Para Agostinho, a harmonia entre fé e razão significa sobretudo que Deus não está longe: não está longe da nossa razão e da nossa vida, está perto de todo o ser humano, perto do nosso coração e da nossa razão, se realmente nos dispomos a busca-Lo. Quem está longe de Deus também está longe de si mesmo e só pode encontrar-se consigo mesmo se se encontra com Deus. O caminho da busca da verdadeira identidade humana, isto é, o caminho da busca de Deus, ocupou parte significativa da vida de Agostinho[2], mas esta inquietação marcou toda a história da filosofia.
Participantes da XIII Semana Filosofica
 Na idealização do tema desta Semana Filosófica, tendo optado pelo esquema clássico do desenvolvimento do pensamento através da progressão cronológica - o nosso discurso perpassa quase toda a história da filosofia. Na época medieval os autores de referência são Agostinho de Hipona, Anselmo de Aosta e Tomás de Aquino; na modernidade o enfoque vai para autores como Blaise Pascal, Baruch Spinoza e Immanuel Kant e, por fim, na contemporaneidade, numa perspectiva existencialista, abordaremos autores como Martin Buber, Emmanuel Levinas e Paul Ricoeur. Nos propomos a apresentar visões de alguns pensadores mais conceituados no mundo da filosofia e, ao longo destes três dias, procuraremos analisar o tema em estudo, que é objecto do pluralismo das propostas filosóficas, mas que desembocam na afirmação unívoca da Ideia de Deus.
A Ideia de Deus, no âmbito dos sistemas omnicompreensivos da metafísica clássica e da ontologia, da razão dialéctica e idealística, e da sensibilidade reflexiva é, sem dúvida, um dado que está na origem da unidade orgânica do ser humano, chamado à interioridade pessoal para chegar ao diálogo do homem sedento do Amor Redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A ideia de Deus na época medieval: desenvolvendo uma teologia racional fundada na metafísica platónico-aristotélico, Agostinho, Anselmo e Tomás, elaboraram uma linguagem de valores ou categorias de Ser, do Ente e da Essência que culminou com a afirmação necessária de Deus.
Com estas palavras declaro abertas as sessões da Semana Filosófica!
Dr. Pe Anselmo Orlando Pinto, Prefeito de Estudos


[1] Cf. Bento XVI, Carta Apostólica sob forma de motu proprio, Porta Fidei, Roma 2011, n 2.
[2] Ibdem, n 7; se pode ver também Confissões, 1, 1.

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