segunda-feira, 20 de abril de 2015

Após 42 mortes por xenofobia, África do Sul coloca Exército nas ruas


Ataques já deixaram mais de 13 mil desabrigados. 
Estima-se que 10% dos 50 milhões de habitantes da África do Sul sejam estrangeiros.


O Exército foi chamado para combater a violência xenófoba na África do Sul, principalmente na cidade de Johanesburgo.

Os ataques contra imigrantes, principalmente do Zimbábue e Moçambique, já mataram pelo menos 42 pessoas e deixaram 13 mil estrangeiros sem casa.


A polícia tenta há mais de uma semana controlar os ataques contra os estrangeiros, que são acusados por moradores de bairros pobres de tirarem empregos dos nativos e cometerem crimes.

Há casos de pessoas queimadas vivas, de mulheres estupradas e de saques a lojas e residências. Mais de 200 pessoas foram detidas desde o início dos distúrbios, no dia 11, no bairro de Alexandra. Nesta quinta-feira, (22), cidadãos da Tanzânia que moram na África do Sul foram atacados.

O CNA (Congresso Nacional Africano) disse ter enviado funcionários para fazer um apelo por calma nos bairros mais turbulentos. A polícia também ampliou sua presença nos lugares mais violentos.

A África do Sul também vem sendo sacudida por uma crise energética, pela inflação e pela insatisfação dos pobres em relação a um suposto viés do presidente Thabo Mbeki em favor do empresariado.
Entenda a crise
Estima-se que 10% dos 50 milhões de habitantes da África do Sul sejam estrangeiros - normalmente pessoas de países ainda mais pobres, atraídas pelo trabalho em minas, fazendas e casas, e pelo fato de o país ter uma das políticas mais liberais do mundo na recepção a imigrantes e refugiados. 
O maior grupo -- fala-se em 3 milhões -- é de pessoas que fugiram da crise econômica no vizinho Zimbábue. A turbulência política no país, resultado de um impasse eleitoral que se arrasta desde março, dá pouco incentivo para um retorno.

Críticos do governo dizem que o tratamento tolerante que Mbeki dispensa ao governo do Zimbábue contribui para o prolongamento da crise política.

Os imigrantes dizem que, ao invés de serem bandidos, são vítimas habituais da criminalidade. Milhares deles se refugiaram em delegacias, igrejas e prédios públicos, segundo entidades de direitos humanos.

Mbeki e o presidente do CNA, Jacob Zuma, pediram o fim dos ataques, que contradizem a imagem de tolerância habitualmente atribuída à África do Sul. O país espera receber 500 mil visitantes para a Copa do Mundo de 2010.

A violência indica uma crescente frustração entre os sul-africanos pobres que se vêem excluídos das políticas públicas destinadas a atrair investimentos externos.

"Uma administração ruim e ineficaz criou um reservatório de expectativas não atendidas que explodiram em Alexandra e agora se espalharam para várias outras áreas", disse nota divulgada na terça-feira pelo Instituto Sul-Africano das Relações Raciais.

 Fonte: globo.com

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