sexta-feira, 9 de maio de 2014

Restos mortais de Dom Damião Franklin repousam no Cemitério do Alto das Cruzes

Foram a enterrar no dia 06 de Maio, no Cemitério do Alto das Cruzes, na capital angolana, os restos mortais do arcebispo de Luanda, D. Damião Franklin, falecido no passado dia 28 de Abril, na África do Sul, onde se encontrava em tratamento. 
Na cerimónia fúnebre realizada no Estádio da Cidadela, em Luanda, participou uma grande multidão de fiéis que ouviu a homilia pronunciada por D. Gabriel Mbilingi, arcebispo de Lubango e Presidente da CEAST, Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe. Ele pôs em realce a dedicação total de D. Franklin ao serviço de Deus e da sociedade angolana. E exortou a recordá-lo com afecto, seguros da comunhão real e misteriosa que o une agora ao seu povo, comunhão que a morte não interrompe. Oiça aqui um extracto da homilia…  RealAudioMP3 

Juntamente com D. Mbilingi concelebraram o Cardeal D. Alexandre do Nascimento, Arcebispo emérito de Luanda, Dom Novatus Rogambwa, Núncio Apostólico em Angola, Dom Zeca Martins, Bispo Auxiliar de Luanda, Dom Anastácio Kahango, Bispo auxiliar emérito de Luanda e Dom Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo, que foi representar a Conferência Episcopal de Moçambique, de que é Vice Presidente.
Segundo a Rádio Ecclesia, emissora católica do país, a celebração teve início por volta das 9h30, com uma procissão em que participaram todos os Bispos de Angola, alguns representados pelos seus vigários episcopais e ainda a Diocese de São Tomé e Príncipe, que foi representada pelo padre Ezequiel. Tomaram parte na celebração numerosos sacerdotes, religiosos e religiosas de várias dioceses de Angola. 

Ainda segundo a mesma fonte estiveram presentes no acto fúnebre membros do Governo, encabeçados pelo Vice-presidente da República, Manuel Domingos Vicente; autoridades Judiciais, policiais, militares, corpo diplomático, líderes de diversas confissões religiosas e políticos. Todos se uniram ao povo para encomendar a Deus a alma do arcebispo de Luanda. 

A cerimónia teve inicio com o cântico de procissão, e de seguida Dom Zeferino Zeca Martins, Bispo auxiliar de Luanda, apresentou a biografia de Dom Damião Franklin, e falou dos últimos momentos de vida do arcebispo. Dom Zeca adiantou ainda que, com essa celebração eucarística exequial, a Igreja prestava homenagem ao Senhor para que Dom Damião continue junto do Pai a interceder pelo seu povo e pela Arquidiocese de Luanda. 

Natural da província de Cabinda, onde nasceu em 1950, Dom Damião António Franklin estudou nos seminários de Cabinda entre 1960 e 1962, de Luanda de 1968 a 1972 e do Huambo de 1972 a 1975. Doutorou-se em Direito Canónico Pela Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma em 1978.
Foi nomeado bispo auxiliar de Luanda, em 1992, e arcebispo, em 2001, em substituição Dom Alexandre do Nascimento, Arcebispo emérito.

Foi Reitor da Universidade Católica de Angola, após a sua fundação em 1997, renunciando ao cargo, voluntariamente, por razões de saúde, em Junho de 2013.
D. Franklin era considerado um homem de cultura e de ensino que deixa um legado importante a ser assumido e salvaguardado, uma vez que foram grandes os seus feitos em prol da sociedade angolana. 

Papa recebe Ban Ki Moon e outros responsáveis ONU, Bispos da Etiópia e Eritreia, Obras Missionárias Pontifícias e presidência da Conferência Episcopal de El Salvador

Intensa a atividade do Santo Padre nesta sexta-feira de manhã, com variadas audiências. 
Antes de mais, em encontros sucessivos, a dez prelados da Conferência Episcopal da Etiópia e Eritreia, e depois, colectivamente, a toda a Conferência Episcopal. 
A meio da manhã, aos 70 participantes no Encontro do Conselho dos Chefes Executivos para o Coordenamento das Nações Unidas, com o respectivo Secretário Geral, Ban Ki Moon.
Segue-se um outro encontro com duas centenas de participantes no encontro anual das Obras Missionárias Pontifícias.
Finalmente, o Papa Francisco recebe D. José Luis Escobar Alas, arcebispo de San Salvador, com os outros elementos da presidência da Conferência Episcopal de El Salvador.

Fonte: Rádio Vaticana

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O 51º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES 11 DE MAIO DE 2014 - IV DOMINGO DE PÁSCOA


Vocações, testemunho da verdade

Amados irmãos e irmãs!
1. Narra o Evangelho que «Jesus percorria as cidades e as aldeias (...). Contemplando a multidão, encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe”» (Mt 9, 35-38). Estas palavras causam-nos surpresa, porque todos sabemos que, primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que «a messe é grande». Quem trabalhou para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus. Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós. E a acção eficaz, que é causa de «muito fruto», deve-se à graça de Deus, à comunhão com Ele (cf. Jo 15, 5). Assim a oração, que Jesus pede à Igreja, relaciona-se com o pedido de aumentar o número daqueles que estão ao serviço do seu Reino. São Paulo, que foi um destes «colaboradores de Deus», trabalhou incansavelmente pela causa do Evangelho e da Igreja. Com a consciência de quem experimentou, pessoalmente, como a vontade salvífica de Deus é imperscrutável e como a iniciativa da graça está na origem de toda a vocação, o Apóstolo recorda aos cristãos de Corinto: «Vós sois o seu [de Deus] terreno de cultivo» (1 Cor 3, 9). Por isso, do íntimo do nosso coração, brota, primeiro, a admiração por uma messe grande que só Deus pode conceder; depois, a gratidão por um amor que sempre nos precede; e, por fim, a adoração pela obra realizada por Ele, que requer a nossa livre adesão para agir com Ele e por Ele.

2. Muitas vezes rezámos estas palavras do Salmista: «O Senhor é Deus; foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-Lhe, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho» (Sal 100/99, 3); ou então: «O Senhor escolheu para Si Jacob, e Israel, para seu domínio preferido» (Sal 135/134, 4). Nós somos «domínio» de Deus, não no sentido duma posse que torna escravos, mas dum vínculo forte que nos une a Deus e entre nós, segundo um pacto de aliança que permanece para sempre, «porque o seu amor é eterno!» (Sal 136/135, 1). Por exemplo, na narração da vocação do profeta Jeremias, Deus recorda que Ele vigia continuamente sobre a sua Palavra para que se cumpra em nós. A imagem adoptada é a do ramo da amendoeira, que é a primeira de todas as árvores a florescer, anunciando o renascimento da vida na Primavera (cf. Jr 1, 11-12). Tudo provém d’Ele e é dádiva sua: o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, mas – tranquiliza-nos o Apóstolo - «vós sois de Cristo e Cristo é de Deus» (1 Cor 3, 23). Aqui temos explicada a modalidade de pertença a Deus: através da relação única e pessoal com Jesus, que o Baptismo nos conferiu desde o início do nosso renascimento para a vida nova. Por conseguinte, é Cristo que nos interpela continuamente com a sua Palavra, pedindo para termos confiança n’Ele, amando-O «com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças» (Mc 12, 33). Embora na pluralidade das estradas, toda a vocação exige sempre um êxodo de si mesmo para centrar a própria existência em Cristo e no seu Evangelho. Quer na vida conjugal, quer nas formas de consagração religiosa, quer ainda na vida sacerdotal, é necessário superar os modos de pensar e de agir que não estão conformes com a vontade de Deus. É «um êxodo que nos leva por um caminho de adoração ao Senhor e de serviço a Ele nos irmãos e nas irmãs» (Discurso à União Internacional das Superioras Gerais, 8 de Maio de 2013). Por isso, todos somos chamados a adorar Cristo no íntimo dos nossos corações (cf. 1 Ped 3, 15), para nos deixarmos alcançar pelo impulso da graça contido na semente da Palavra, que deve crescer em nós e transformar-se em serviço concreto ao próximo. Não devemos ter medo: Deus acompanha, com paixão e perícia, a obra saída das suas mãos, em cada estação da vida. Ele nunca nos abandona! Tem a peito a realização do seu projecto sobre nós, mas pretende consegui-lo contando com a nossa adesão e a nossa colaboração.

3. Também hoje Jesus vive e caminha nas nossas realidades da vida ordinária, para Se aproximar de todos, a começar pelos últimos, e nos curar das nossas enfermidades e doenças. Dirijo-me agora àqueles que estão dispostos justamente a pôr-se à escuta da voz de Cristo, que ressoa na Igreja, para compreenderem qual possa ser a sua vocação. Convido-vos a ouvir e seguir Jesus, a deixar-vos transformar interiormente pelas suas palavras que «são espírito e são vida» (Jo 6, 63). Maria, Mãe de Jesus e nossa, repete também a nós: «Fazei o que Ele vos disser!» (Jo 2, 5). Far-vos-á bem participar, confiadamente, num caminho comunitário que saiba despertar em vós e ao vosso redor as melhores energias. A vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor uns aos outros que se faz serviço recíproco, no contexto duma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno. Porventura não disse Jesus que «por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35)?

4. Amados irmãos e irmãs, viver esta «medida alta da vida cristã ordinária» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31) significa, por vezes, ir contra a corrente e implica encontrar também obstáculos, fora e dentro de nós. O próprio Jesus nos adverte: muitas vezes a boa semente da Palavra de Deus é roubada pelo Maligno, bloqueada pelas tribulações, sufocada por preocupações e seduções mundanas (cf. Mt 13, 19-22). Todas estas dificuldades poder-nos-iam desanimar, fazendo-nos optar por caminhos aparentemente mais cómodos. Mas a verdadeira alegria dos chamados consiste em crer e experimentar que o Senhor é fiel e, com Ele, podemos caminhar, ser discípulos e testemunhas do amor de Deus, abrir o coração a grandes ideais, a coisas grandes. «Nós, cristãos, não somos escolhidos pelo Senhor para coisas pequenas; ide sempre mais além, rumo às coisas grandes. Jogai a vida por grandes ideais!» (Homilia na Missa para os crismandos, 28 de Abril de 2013). A vós, Bispos, sacerdotes, religiosos, comunidades e famílias cristãs, peço que orienteis a pastoral vocacional nesta direcção, acompanhando os jovens por percursos de santidade que, sendo pessoais, «exigem uma verdadeira e própria pedagogia da santidade, capaz de se adaptar ao ritmo dos indivíduos; deverá integrar as riquezas da proposta lançada a todos com as formas tradicionais de ajuda pessoal e de grupo e as formas mais recentes oferecidas pelas associações e movimentos reconhecidos pela Igreja» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31).
Disponhamos, pois, o nosso coração para que seja «boa terra» a fim de ouvir, acolher e viver a Palavra e, assim, dar fruto. Quanto mais soubermos unir-nos a Jesus pela oração, a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os Sacramentos celebrados e vividos na Igreja, pela fraternidade vivida, tanto mais há-de crescer em nós a alegria de colaborar com Deus no serviço do Reino de misericórdia e verdade, de justiça e paz. E a colheita será grande, proporcional à graça que tivermos sabido, com docilidade, acolher em nós. Com estes votos e pedindo-vos que rezeis por mim, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 15 de Janeiro de 2014
FRANCISCO