Acolhido
com um longo aplauso, Bento XVI deu início à audiência geral desta
manhã, explicando de novo as razões que o levaram a renunciar ao
ministério petrino.Estas as suas palavras:
Caros irmãos e irmãs,
Como
sabeis, decidi renunciar ao ministério que o Senhor me confiou a 19 de
abril de 2005. Fi-lo em plena liberdade, para o bem da Igreja, depois de
ter rezada longamente e de ter examinado dainte de Deus a minha
consciência, bem consciente da gravidade dessa ato, mas também
consciente de já não estar em condições de prosseguir o ministério
petrino com aquela força que ele exige. Sustenta-me e ilumina-me a
certeza de que a Igreja é de Cristo, o qual nunca fará falatar a sua
guia e o seu cuidado. Agradeço a todos pelo amor e pela oração com que
me tendes acompanhado. (aplausos). Obrigado, senti quase fisicamente
nestes dias nada fáceis para mim, a força da oração que o amor da
Igreja, a vossa oração, me traz. Continuai a rezar por mim, pela Igreja,
pelo futuro Papa. O Senhor o guiará.
Muito concorrida
esta audiência geral, a penúltima do pontificado (dado que na próxima
semana têm lugar os Exercícios Espirituais no Vaticano). Tema da
catequese, o sentido do tempo da Quaresma, que hoje inicia. Eis a
síntese pronunciada por Bento XVI em português, com as saudações aos
peregrinos lusófonos:
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje,
Quarta-feira de Cinzas, iniciamos a Quaresma, tempo de preparação para a
Páscoa. Estes quarenta dias de penitência nos recordam os dias que
Jesus passou no deserto, sendo então tentado pelo diabo para deixar o
caminho indicado por Deus Pai e seguir outras estradas mais fáceis e
mundanas. Refletindo sobre as tentações a que Jesus foi sujeito, cada um
de nós é convidado a dar resposta a esta pergunta fundamental: O que é
que verdadeiramente conta na minha vida? Que lugar tem Deus na minha
vida? O senhor dela é Deus ou sou eu? De fato, as tentações se resumem
no desejo de instrumentalizar Deus para os nossos próprios interesses,
em querer colocar-se no lugar de Deus. Jesus se sujeitou às nossas
tentações a fim de vencer o maligno e abrir-nos o caminho para Deus. Por
isso, a luta contra as tentações, através da conversão que nos é pedida
na Quaresma, significa colocar Deus em primeiro lugar como fez Jesus,
de tal modo que o Evangelho seja a orientação concreta da nossa vida.
Amados
peregrinos lusófonos, uma cordial saudação para todos, nomeadamente
para os grupos portugueses de Lamego e Lisboa, e os brasileiros de
Curitiba e Porto Alegre. Possa cada um de vós viver estes quarenta dias
como um generoso caminho de conversão à santidade que o Deus Santo vos
pede e quer dar! As suas bênçãos desçam abundantes sobre vós e vossas
famílias! Obrigado!
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